
O CLP conta com uma rede de mais de 6 mil líderes que possuem histórias e resultados concretos de melhorias na administração pública. Um desses casos é o projeto ‘’Lidera Mulher’’, que oferece capacitação para mulheres empreendedoras em São Gonçalo (RJ).
O projeto é idealizado por Paola Figueiredo, mestre em Antropologia (UFF) e vice-presidente do Instituto de Seguridade Social dos Servidores Municipais de São Gonçalo. Paola também é Líder CLP.
Confira mais detalhes sobre o projeto:
Qual era o desafio do Município de São Gonçalo (RJ)?
As mulheres no Brasil ainda têm dificuldades de acesso ao mercado de trabalho formal. Apesar de alguns avanços, as diferenças salariais entre homens e mulheres ainda são grandes e a situação ainda é mais desvantajosa para elas, ainda que com maior escolaridade.
Em São Gonçalo (RJ), onde a renda per capita ainda é muito baixa e há alta densidade demográfica, a imensa maioria das famílias é chefiada por mulheres, muitas com pouquíssimo tempo de escolaridade. Além disso, há um alto grau de informalidade nos pequenos negócios e grande número de mulheres empreendendo na informalidade. Nunca houve no município políticas públicas com viés no empreendedorismo com foco na mulher.
O que foi feito para solucionar o número de mulheres na informalidade?
Foi criado o Projeto Lidera Mulher, implementado no Município de São Gonçalo (RJ). Seu principal foco foi diminuir o alto número de informalidade no trabalho por mulheres empreendedoras do município. Para isso, algumas ações foram feitas:
• Implementação em parceria: Secretaria Municipal de Políticas Públicas para o Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Trabalho, Agricultura e Pesca;
• Foco para mulheres que atuam nos eixos de moda, beleza, artesanato e gastronomia;
• Criação da Rede Lidera Mulher onde são realizados encontros para a consolidação e fortalecimento de uma rede de empreendedorismo feminino no município.
Essa experiência foi pensada e elaborada durante um programa para auxiliar municípios cariocas a pensar em soluções para os desafios das cidades.
Quais foram os resultados do projeto?
Iniciado em 2018, o projeto já desenvolveu as seguintes ações:
• Duas turmas formadas pela capacitação proposta, e duas turmas em andamento simultâneo, somando 105 empreendedoras participando ativamente;
• Expo Lidera Mulher, que era prevista para dois finais de semana e foi estendida de maneira contínua no local, cedido por parceira;
• Incentivo à participação em feiras para exposição e venda;
• Workshops e palestras ministradas pelos parceiros Sebrae, INSS e coachs diversos;
• Conscientização da importância da formalização do negócio/empreendimento através do Microempreendedor Individual (MEI).
Porque o caso é uma boa prática na gestão pública?
O Projeto Lidera Mulher propõe a formação da Rede Lidera Mulher, com base nas premissas dos conceitos de inovação e, em especial, o conceito de modelos interativos em processos inovadores, a formação de ambientes e aplicação de ferramentas interativas para gestão do conhecimento e enriquecimento cognitivo.
A integração entre as empreendedoras é de fundamental importância para fortalecer a busca pela formalização do negócio. Além disso, o projeto tem incentivado o retorno ao estudo regular pelas participantes com a aplicação dos ensinamentos adquiridos durante as oficinas e atividades de formação.
Qual o grande desafio que essa líder enfrentou?
A crise financeira e orçamentária dificultou o direcionamento do orçamento disponibilizado para o projeto – não aprovado pela Procuradoria Geral do Município por não ser considerado prioridade de governo à época de elaboração do mesmo. Foi um empecilho também para toda sua execução, desafiando a líder a buscar parcerias para todas as ações realizadas.
Qual é o legado desse projeto?
O projeto se institucionalizou por meio de decreto municipal. A Rede Lidera Mulher está formada e em funcionamento, contando com a atuação de servidores, participantes de turmas atuais e anteriores e colaborações pontuais de outras instituições públicas e privadas convidadas. Ao associarem-se, essas mulheres se fortalecem e almejam alternativas de renovação e aprimoramento de seus empreendimentos, buscando consolidar posições em diferentes nichos de mercado.
Paola Figueiredo, é Cientista Social, Mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense. Vice-presidente do Instituto de Seguridade Social dos Servidores Municipais de São Gonçalo, Líder CLP e WIT (Women Inside Trade) e Gerente do Projeto “Lidera Mulher” na Prefeitura de São Gonçalo/Rio de Janeiro.