O voto feminino no Brasil: um difícil caminho a percorrer
7/06/2021
Engajamento Político.

O voto feminino no Brasil: um difícil caminho a percorrer

Para a conquista do voto feminino no Brasil, as mulheres percorreram um longo e difícil caminho, mas há ainda um caminho a ser trilhado, crivado de obstáculos e da necessidade de conscientização da sociedade. O caminho percorrido foi formado por avanços e retrocessos dada a dificuldade de entendimento de que a participação política da Mulher é do interesse de todos e, portanto, deve ter o apoio, sem distinção, dos cidadãos que desejam melhores dias. Ele também foi e é difícil por haver uma visão extremamente preconceituosa de gênero.

Para se atingir o bem comum, do qual estamos bastante distanciados, o esforço terá que ser concentrado, sem divergências quanto à propriedade da participação dos vários olhares, saberes, sensibilidades, experiências e dedicações e sem discriminações.

Diz-se que, depois de um século, as pessoas são esquecidas e suas contribuições com a sociedade não são sequer mais citadas. Mas devem ser sempre lembrados os esforços descomunais em busca da cidadania plena que mulheres como Isabel de Mattos Dillon, Celina Guimarães Viana, Mietta Santiago, Alzira Soriano, Bertha Lutz, Natércia da Cunha Silveira, Carlota Pereira de Queiróz, Antonieta de Barros, Maria Felizarda de Paiva Monteiro e Iracema Aymbiré de Camargo empreenderam e que trazem reflexos benéficos até os atuais dias.


O histórico do voto feminino no Brasil

Existe uma cronologia na luta pelo voto no Brasil, e alguns historiadores até apontam que, ainda no Império, a questão foi discutida na Assembleia Legislativa, em especial por projeto que reformulava o sistema eleitoral vigente, apresentado pelo Deputados José Bonifácio de Andrada e Silva e Manuel Alves Branco, que não prosperou.

E de fato, somente em 1965 é que as mulheres passaram a ser de fato equiparadas aos homens nos seus direitos eleitorais.


As primeiras brasileiras na política

Se por um lado a Princesa Isabel é considerada a primeira Senadora brasileira (por ter direito a uma cadeira no Senado), apenas pelo voto universal em 1990, aquela Casa legislativa passou a contar com a presença de duas Senadoras, Júnia Marise (MG) e Marluce Pinto (RR). Por São Paulo, a primeira Senadora foi a Professora da USP, Dra. Eva Blay, suplente que assumiu a vaga em 1994, no lugar do eleito Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Leia também: A necessária participação da mulher na política

Já a primeira Governadora eleita no Brasil foi Roseana Sarney, no Maranhão, em 1994, e a primeira Presidente foi Dilma Roussef, em 2010.


As eleições de 2020 e o voto feminino no Brasil


Atualmente, as mulheres representam 52,5% do eleitorado, mas as candidaturas femininas nas eleições de 2020, aos cargos de prefeita, vice-prefeita e vereadora foram cerca de 30%, o mínimo legal. E nessas eleições os partidos políticos foram obrigados a destinar 30% do fundo eleitoral para as candidatas. Tem-se ainda um número menor de eleitas.

O difícil caminho a percorrer é o da conscientização da própria mulher de que ela deve assumir seu papel de protagonista e buscar a participação maior nos cargos eletivos, assim como buscar a qualidade de seu voto em pessoas que de fato valorizem os cidadãos.

Leia também: A luta pela representação das mulheres vai muito além de março

Assim como escolher bem os representantes e desempenhar o papel da cidadania também através do acompanhamento dos eleitos e em Conselhos e entidades da sociedade, com trabalho e seriedade, são atitudes que valorizam o papel da mulher e resgatam sua imagem, em proveito de toda a população.


Os principais marcos históricos do voto feminino no Brasil

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Marilene Mariottoni é Engenheira Civil pela PUC Campinas, com Pós-Graduação e Mestrado pela Escola Politécnica da USP. Tem experiência como professora e perita judicinal. Foi vereadora de Mogi Mirim por cinco mandatos consecutivos entre1989 e 2008.

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