Lições de Dale Carnegie aplicadas aos líderes públicos
4/02/2022
Liderança.

Lições de Dale Carnegie aplicadas aos líderes públicos

As ideias trazidas neste artigo fazem parte do livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, somadas às duas do livro Como ser um grande líder e influenciar pessoas, também de autoria de Dale Carnegie (1888-1955). As lições deixadas por Carnegie são atemporais e aplicáveis aos gestores públicos em cargos de liderança.

Quem foi Dale Carnegie? 

Dale Carnegie (1888-1955) foi um palestrante e escritor norte-americano, estudioso das relações humanas. Em 1912, deu seu primeiro curso sobre como falar em público, em Nova York. 

Seu livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, publicado em 1936, tornou-se um best-seller, com 20 milhões de cópias vendidas e traduzido para 36 idiomas. Em 2008, a revista Fortune o classificou como um dos sete livros que todos os líderes deveriam ler. 

Para ele, há uma grande diferença entre gerenciar e liderar: o primeiro traz a ideia de dar ordens inquestionáveis, ao passo que o segundo estimula a criatividade das pessoas. Além disso, ele acaba com o mito de que liderança é um dom: ela é uma arte que pode ser adquirida com um pouco de esforço por qualquer pessoa. 


10 lições de Carnegie para os gestores públicos

  1. Não critique

Uma das lições mais importantes deixadas por Dale é a de não criticar a outra pessoa. Ao tratar com seres humanos, estamos diante de criaturas emotivas, sujeitas a ressentimentos. Diz o autor que “qualquer idiota pode criticar, condenar e queixar-se – e a maioria dos idiotas faz isso”.

Então, em lugar de condenar os outros, deve-se procurar compreendê-los; atitude que gera simpatia, tolerância e bondade.

  1. Desperte um forte desejo na outra pessoa

Dale ensina que o único meio existente para influenciar uma pessoa é falar sobre o que ela quer e mostrar-lhe como realizar o seu intento. Antes de persuadir alguém, o líder deve fazer a si mesmo a pergunta: “Como poderei fazer com que ele queira isto?”. 

  1. Torne-se verdadeiramente interessado na outra pessoa

O autor diz que descobriu, por experiência própria, que a pessoa pode conseguir a atenção, o tempo e a cooperação mesmo das mais eminentes personalidades tornando-se verdadeiramente interessado nelas. Isso faz parte da natureza humana, pois todos gostam de admiração.

  1. Respeite a opinião dos outros, nunca diga: “Você está enganado”

O líder deve estar aberto aos demais pontos de vista, evitando gerar oposição e discussões desnecessárias. O autor recomenda que sempre se diga: “penso da seguinte forma, mas posso estar enganado”, o que já demonstra humildade e abertura à mudança de ideias. 

  1. Comece com um elogio ou uma apreciação sincera

O autor defende que é sempre mais fácil ouvir as coisas desagradáveis depois de ouvir alguns elogios às qualidades. Porém, ele adverte para que esqueçamos da palavra “mas”.

Ao invés de falar: “você é um excelente funcionário, mas deixou a desejar no relatório deste mês”, o mais correto seria: “você é um excelente funcionário e tenho certeza de que será capaz de produzir um relatório muito mais detalhado”, por exemplo. 

  1. Fale sobre os seus erros antes de criticar os das outras pessoas

Dale entende que não é tão difícil ouvir uma dissertação sobre as suas faltas quando o interlocutor começa admitindo humildemente que ele está longe de ser infalível, pois quem admite os próprios erros consegue convencer o outro a mudar de comportamento. 

  1. Faça perguntas ao invés de dar ordens diretas

Carnegie é categórico: ninguém gosta de receber ordens. Ao invés disso, um líder eficiente lança mão de perguntas. No lugar de dizer: “Faça isso”, ele diz: “Você poderia estudar isso?” ou “Você pensa que isso dará resultado?”.

Essa técnica facilita a pessoa corrigir seus próprios erros, pois preserva o orgulho próprio e dá a sensação de importância, substituindo o ressentimento pela cooperação, além de estimular a criatividade da pessoa que a recebe. Dale lembra que as pessoas tendem a aceitar uma ordem quando participam da decisão que levou à formulação dessa ordem. 

  1. Elogie o menor progresso e elogie todo o processo

Essa é uma das melhores maneiras de estimular pessoas para o sucesso. Elogiar a menor melhoria, por mínima mesmo que seja, inspira a pessoa a continuar a melhorar. Contudo, o elogio deve ser específico e sincero. Todos querem valorização e reconhecimento; ninguém quer falta de sinceridade. Ao invés de dizer que o trabalho é excelente, o líder deve especificar o que está sendo elogiado, como a elaboração de um relatório.

Diz Dale que com a crítica, a capacidade declina; com o estímulo, floresce. Assim, a pessoa deve ser sincera na apreciação e pródiga no elogio. O autor lembra que o trabalho que não é reconhecido é como uma planta que não é regada: a produtividade murcha. 

  1. Empregue o incentivo

Segundo o autor, uma grande forma de empregar o incentivo é fazer com que o trabalho pareça fácil de ser executado, além de deixar a outra pessoa compreender que há confiança em sua habilidade para fazer uma determinada coisa.

  1. Faça com que o liderado se sinta feliz realizando aquilo que você sugere

Essa é uma regra importante das relações humanas, muito usada por estadistas e diplomatas. Dale menciona que o líder eficiente deve ter em mente o seguinte roteiro:

  1. Ser sincero
  2. Saber exatamente o que deseja que a outra pessoa faça
  3. Ser simpático
  4. Refletir sobre os benefícios que a outra pessoa receberá fazendo o que ele sugere
  5. Fazer com que os benefícios venham ao encontro dos desejos da outra pessoa
  6. Formular ordens de modo que a outra pessoa entenda como benéfica para ela.

Dale Carnegie adverte que seria ingenuidade pensar que as pessoas sempre reagirão de forma positiva a essas abordagens, mas a aplicação desses princípios traz enormes benefícios, aumentando a probabilidade de sucesso.

Leia também: Como institucionalizar políticas públicas? E qual o papel da liderança?

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Nathalia Leone Marco é Advogada Especialista em Direito Municipal pela Escola Paulista de Direito – EPD. Analista de Políticas  Públicas e Gestão Governamental da Prefeitura de São Paulo/SP. Educadora institucional da Escola  Municipal de Administração Pública de São Paulo, na área de Direito Urbanístico. Coautora e  coordenadora do livro “A Boa Gestão Pública e o Novo Direito Administrativo: dos conflitos às melhores  soluções práticas”, da SGP – Soluções Gestão Pública. Autora de artigos jurídicos e de gestão pública.

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